Investigada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento em um suposto esquema de caixa 2 para organização e financiamento de atos antidemocráticos, a deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF) chama a atenção pelo alto gasto com suas redes sociais. Em menos de um ano, entre agosto de 2020 e setembro de 2021, a parlamentar despejou R$ 120 mil em anúncios no Facebook. O valor é centenas e até milhares de vezes maior do que o investido por governos como o de São Paulo e Rio de Janeiro e exorbitantemente maior do que o aplicado por colegas de Paula Belmonte na Câmara Federal.
Para se ter uma noção, enquanto Belmonte aplicou R$ 120 mil em anúncios, o deputado federal Luis Miranda, segundo que mais aplicou no DF, investiu R$ 7,3 mil. Flávia Arruda vem em seguida com R$ 3,7 mil, enquanto outros parlamentares nem sequer investiram ou estão abaixo da casa dos R$ 1 mil.
O Governo de São Paulo, o maior estado do país, por exemplo, investiu R$ 9,6 mil no mesmo período, enquanto o Rio de Janeiro utilizou R$ 1,1 mil para anúncios na mesma rede social.
O montante chama a atenção por si só, mas causa ainda mais estranhamento pelo fato de a deputada e seu marido, o empresário e suplente do senador Izalci Lucas, Luís Felipe Belmonte, serem investigados por ajudar a financiar uma suposta “organização criminosa” criada por uma rede de aliados do presidente Jair Bolsonaro para atuar justamente no mundo digital e propagar discursos antidemocráticos. O STF apura se o casal Belmonte montou uma empresa para aportar R$ 2 milhões de caixa dois investidos na campanha de uma pessoa identificada por “Ivan”.
Paula Belmonte entrou para a política em 2018 ao conseguir uma das cadeiras da Câmara Federal como a segunda menos votada entre os oito deputados do DF, o que alcançou após desembolsar o teto de gastos da campanha para um deputado federal, no valor de R$ 2,5 milhões. Atualmente, ela tem 16 funcionários pendurados em seu gabinete na Câmara dos Deputados, que geram o custo mensal de quase R$ 100 mil por mês aos cofres públicos.
