AS CORES DO ARCO-ÍRIS

Colunista: Armando Guerra 
Matéria publicada simultaneamente com o jornal Brasília Agora 

 

A 24ª Parada do Orgulho LGBT+ arrastou multidão à Esplanada dos Ministérios. Gente assumidamente da comunidade e gente que, enfim, saiu do armário. Diante do enorme e reluzente arco-íris, uma questão política aflorou no gramado da Esplanada: Brasília é ou não conservadora?

Tom conservador

Nas eleições de 2022, Brasília assumiu seu lado conservador. Aliás, muito conservador. Os partidos de direita e de centro-direita nadaram de braçada no quadradinho. Jair Bolsonaro (PL), a maior tradução do conservadorismo atual brasileiro, derrotou Lula (PT) em Brasília.

Bancada federal

Os conservadores brasilienses ainda elegeram Damares Alves (Republicanos) para o Senado e também levaram para a Câmara dos Deputados cinco dos oito federais do DF: Bia Kicis (PL), Alberto Fraga (PL), Fred Linhares (Republicanos), Júlio Cesar (Republicanos) e Gilvan Máximo (Republicanos).

Câmara Legislativa

A vitória dos conservadores foi ainda maior na Câmara Legislativa. Dos 24 distritais, 10 foram eleitos por partidos conservadores: PL (4 deputados), PP (2), PSD (2), Republicanos (1) e União Brasil (1). Partidos de centro (MDB, Agir, Avante, PMN e Cidadania) fizeram 8 e a esquerda (PT, PSol e PSB) fez 6 distritais.

Só 2 na parada

Nos 35 parlamentares eleitos em 2022 no Distrito Federal, 33 não colocaram os pés na Parada do Orgulho LGBT+. Apenas dois políticos de toda a bancada parlamentar do DF prestigiaram o evento e com direito a discurso: o deputado distrital Fábio Felix (Psol) e a deputada federal Érika Kokay (PT).

Campeões de voto

Fábio e Érika, ferrenhos defensores da comunidade LGBT, não por mera coincidência foram os dois parlamentares de esquerda mais bem votados no Distrito Federal.  Fábio foi o campeão de votos para a Câmara Legislativa, alcançando o recorde histórico de 51.792 votos. Já Érika foi a deputada de esquerda mais votada para a Câmara Federal, chegando ao terceiro lugar com 146.092 votos.

Mesmo peso

A ausência dos 33 parlamentares do quadradinho ao evento pode ser vista pelo eleitorado LGBT como uma demonstração de preconceito. A comunidade lembra que o voto dos gays, lésbicas e outros do grupo vale tanto quanto o voto do eleitor hétero, machão, da “pessoa de bem”, do conservador. É minoria, mas tem peso.

Nas urnas e nas ruas

A organização da Parada LGBT+ exagera ao contabilizar 90 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios no domingo passado. Mas não se pode minimizar o expressivo público que lotou o gramado com suas plumas e paetês. O fato é que, ao considerar o resultado eleitoral de 2022 e as manifestações de domingo da comunidade LGBT+, pode-se concluir: nas urnas, Brasília é conservadora; nas ruas, é livre, leve e solta.

O AMOR É LINDO

O deputado Fábio Felix entra nesta quarta-feira para o clube dos casados. O noivo é o designer Leonardo Domiciano. O casal vem se relacionando desde 2017, um ano antes de Fábio ser eleito distrital pela primeira vez. Ele é o primeiro deputado declarado homoafetivo em todos os 32 anos da Câmara Legislativa. Parabéns aos noivos!

PREÇO DA GASOLINA

Apenas 32 quilômetros separam o Lago Sul e a Ceilândia. E 44 são os centavos que separam o preço do litro da gasolina cobrado no bairro mais luxuoso de Brasília e o da cidade mais populosa do DF. Em Ceilândia, o litro da gasolina custa R$ 5,25. No Lago Sul, R$ 5,69. Detalhe: os postos de combustíveis são da mesma bandeira, a BR Distribuidora. A diferença em centavos parece pouco, mas não é. A discrepância parece normal, também não é. Procura-se explicação razoável que justifique a absurda disparidade de preços.

Causa do fenômeno

Na próxima sexta-feira (16), o Inmetro chega ao primeiro mês da operação deflagrada para fiscalizar postos de combustíveis no DF. Foram encontradas irregularidades em 78 das 203 bombas inspecionadas em 14 postos. A operação do Inmetro prossegue até 16 de agosto. Até agora, os rígidos fiscais ainda não conseguiram detectar a causa do fenômeno que mais incomoda os consumidores: a disparidade de preços entre os postos da mesma bandeira.

 

Colunista: Armando Guerra

Matéria publicada simultaneamente com o jornal Brasília Agora

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