Esquerda se afasta de Reguffe

O senador Reguffe pode não ter medido direito a mudança dele para o novo partido, o União Brasil. Uma pesquisa feita recentemente mostra que o político perdeu muitos eleitores, quando o nome aparece na disputa a governador; e os analistas do instituto acreditam que há uma migração de quem prefere votar mais à esquerda no espectro político para longe do nome do senador. Parece que o passado (será mesmo passado?) bolsonarista do partido está assustando esses eleitores.

Mais uma contradição

​Chega a ser uma constatação óbvia: há uma decepção com o Reguffe, parlamentar que sempre flertou com a esquerda – a partir da origem, no PDT – e de repente aparece num partido que representa a direita e, mais, deve apoiar a candidatura do presidente Jair Bolsonaro à reeleição. Ninguém espera ver Reguffe pedindo voto para o presidente, mas é mais uma contradição entre as muitas que ele alimenta.

Uma aliança muito estranha

​Aliás, ficou muito esquisita a aproximação de Reguffe com o advogado Luís Felipe Belmonte, que foi o articulador do natimorto Aliança Brasil, partido que abrigaria o presidente Bolsonaro. Belmonte pelejou de todo jeito para criar o partido bolsonarista, mas fracassou miseravelmente ao não conseguir as assinaturas necessárias. Segundo os detratores do advogado ou faltou empenho ou competência – ou tudo, até porque dinheiro ele tem.

Dinheiro de precatórios

​A fortuna de Belmonte é contestada, mas é real. Em maio de 2017 ele foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República ao Superior Tribunal de Justiça pelos crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia, Belmonte teria pago R$ 800 mil em propina ao ex-desembargador Vulmar Coelho Junior, do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região, em troca de decisão que liberou R$ 11 milhões de uma ação de precatórios em Rondônia, em 2010. Na verdade, a ação rendeu mais de R$ 100 milhões em precatórios ao advogado.

Bom amigo (e interessado)

​A novidade em tudo isso é a amizade dos dois personagens. De uma hora para outra, Belmonte se tornou um bom amigo de Reguffe. É, inclusive, um dos maiores incentivadores para que ele saia candidato ao governo do Distrito Federal, em parte porque tem interesse em ser uma eminência parda na administração, em parte porque gostaria de se vingar de seu inimigo, o atual governador Ibaneis Rocha.

Se ganhar não leva

​O senador Reguffe está ciente dessas movimentações – curiosamente, muito parecidas com as que levaram Jofran Frejat a desistir da candidatura ao governo em 2018, apontando o dedo para “diabos”. Este é um dos fatores que causam a indecisão de Reguffe na hora de escolher o cargo que vai disputar – de que adiantaria ganhar e não ter como governar?

Flávia bate o martelo

​A deputada federal Flávia Arruda bateu o martelo diante de seus apoiadores. É candidata a senadora na chapa do governador Ibaneis. Faz todo sentido: durante seu mandato na Câmara, ela destinou verbas para várias obras do GDF e que foram 100% aproveitadas pelo governador Ibaneis Rocha. Ou seja, é uma parceria de sucesso.

E os restantes?

​O problema agora é o que fazer com Paulo Octávio (PSD), Gim Argello (Pros) e até Damares Alves (Republicanos), que chegou agora, mas já quer sentar na janela no ônibus. Todos já se apresentaram como candidatos ao senado.

Por favor, me esqueçam

​Enquanto isso, Paco Brito (Avante) fica na moita, torcendo para que todos se esqueçam da vaga de vice-governador. Ele vem recebendo muitos elogios do governador, mas a vaga está sendo discutida entre todos os partidos que apoiam a reeleição.

Ficou para a próxima

​O almoço entre os líderes dos principais partidos da base do GDF terminou do jeito que começou. Paulo Octávio foi o anfitrião, no restaurante Oscar, no Brasília Palace Hotel, e serviu até sobremesa, mas o prato principal – o fechamento da chapa para a reeleição de Ibaneis Rocha – não saiu.

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