Depois de 115 dias de total omissão, a Câmara Legislativa enfim acordou para o caso da garota de programa que diz ter sido espancada por um assessor do deputado distrital Daniel Donizet (PL) num motel na Candangolândia, na presença do parlamentar. Na última sexta-feira (14), a deputada Doutora Jane (MDB), procuradora da Mulher na CLDF, requereu ao diretor-geral da Policia Civil, Robson Cândido, cópia do processo sobre o caso. Não há, porém, prazo para que o delegado atenda à solicitação da deputada.

Deputado acorda

Hoje, também resolveu se mexer o deputado Ricardo Vale (PT), vice-presidente da CLDF e da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar (CDDHCEDP). Vale requereu à Secretaria de Segurança e à Polícia Civil acesso às investigações. Alegou que o caso é grave e que contará com o olhar atento da Câmara. Demorou.

A festinha do distrital

O episódio aconteceu no dia 22 de março. A garota contou, em depoimento na 5ª delegacia de Polícia (Asa Norte), que ela e duas amigas foram abordadas numa boate no Setor de Indústrias Gráficas (SIG) por três homens: o deputado Donizet e dois assessores dele – todos bêbados. Combinado o programa, os seis foram para um motel na Candangolândia. Ali, a festinha acabou em violência.

Luvas da violência

Conta a garota que, quando a transa começou a rolar, Marco Aurélio Oliveira Barbosa, assessor do deputado, tirou a camisinha e calçou a luva da violência. Murros nos olhos, no rosto, cacete por todo o corpo da mulher. Exames na garota apontaram mais de 10 lesões.

Defensor dos animais

A garota revelou que, quando estava sendo espancada, pediu ajuda aos companheiros do agressor. Ninguém a socorreu. Muito menos Daniel Donizet, distrital notabilizado por defender animais. Naquele momento, o “animal” indefeso era uma garota de programa. Talvez por isso, o nobre parlamentar não a tenha socorrido.

“Denúncia falsa”

O defensor dos animais negou, em nota, que tenha participado da festinha na boate e no motel. Apesar dos exames mostrarem as marcas da violência, Donizet garantiu que o assessor não espancou a garota. Amenizou, alegando que “se trata de uma denúncia infundada e comprovadamente falsa”. Marco Aurélio continua no cargo de assessor do deputado, ganhando R$ 17,2 mil por mês. O caso está sob investigação da 11ª Delegacia de Polícia (Núcleo Bandeirante).

Antes tarde do que nunca

Ainda que tardios, os requerimentos da Doutora Jane e de Ricardo Vale levam a Câmara a fazer o que dificilmente faz: investigar denúncias que envolvam seus nobres deputados. Mesmo que não dê em nada, pelo menos não terá se omitido. Melhor assim. Antes tarde do que nunca.

 

Colunista: Armando Guerra

 

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